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10 de fevereiro de 2013

raiva de vidro

E mais uma noite cai... uma noite depois da outra...
Ao meu lado apenas um copo de vidro completado com vodca...
Faz tempo que os fios que um dia nos juntaram enferrujaram e... estão partindo nossas almas.
Terá sido minha esta falha? Sempre me sentirei responsável. A culpa será de um todo minha.
Desculpe, mas foi tão forte e de repente...
Foi tão certeiro e inesperado...
Um tiro certeiro, todos estamos feridos. Foi culpa minha não ter sido rápido o bastante para me colocar na frente do impacto...
Ou terei sido eu o que recebera toda a carga?

Nunca saberei, nem preciso. As marcas que as emoções deixaram são prova mais que o suficiente do que passamos, pelo que passamos.
Tudo que consigo sentir no momento é raiva, uma tristeza enfurecida. Em momentos e arrependimentos, uma forma de tentar reparar os acontecimentos com uma bondade carregada de mentiras.
A falta de esperança de consertar todos os defeitos, de ter de volta uma história repleta de união, agora tão despedaçada... fragilizada... inutilizada... falhei.
Eu nunca deixei de tentar, nunca imaginei deixar de existir.
Mas não posso mais carregar esse fardo sozinho...
é o que resta. o mal do século, a solidão.
Olhar para o lado ver apenas um copo se esvaziando. Esvaziando de lembranças que agora não passam de retratos, que aos poucos vão se despedaçando... é o tempo novamente fazendo seu trabalho... envelhecendo, desgastando. E como sempre haveria de acontecer, separando.
Talvez um dia vençamos a guerra, mas foram as batalhas que nos deixaram pelos caminhos.
Desculpe, meu copo caiu. Quando se foram, levaram pedaços meus também.
Agora as cicatrizes que um dia foram uma prova de nossas aventuras, um troféu erguido com orgulho em outrora, começaram a doer. Falhei em conter sua dor, meu corpo já sangra por isso. Falhei em conter sua tristeza, meu corpo já chora por isso. Falhei em nos manter juntos... meu corpo já se despedaçou por isso também.
sentimentos que roubaram o lugar do que um dia nos mostrou quem realmente eramos.
deveriam dar lugar ao que realmente fomos.
Fomos bem mais que uma fotografia amaçada no fundo de uma caixa.
Mas as promessas de até a morte nos fizeram morrer por dentro... antes do fim.
Juro que não desisti ainda. Um dia eu prometi. Não posso desistir. Mas não consigo continuar a andar. Ficarei aqui um tempo. Parado... olhando o tinir do vidro se quebrando por enquanto.
Esperando o dia em que esse copo vai se quebrar, mas por outros motivos. Aguardarei aqui que as lembranças sejam novas e transbordem novamente.
Apague a luz, preciso dormir um pouco. Tenho esperança que não passe de um sonho ruim. Anseio o dia em que levantarei pela manhã e sentirei a todos por perto novamente, no único lugar onde não os perderei de novo.
Agora, me resta fechar o olhos e ver a vida passar, vai ser difícil ir solitário, mas tenho cicatrizes profundas para me lembrar que um dia todos existiram. Que isso me dê forças para subjugar a raiva que ainda toma conta de mim. Que seja suficiente para me manter andando... até que um dia novamente, quem sabe...
...eu tenha novas cicatrizes e retratos, e não apenas um copo quebrado.

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